O seu eu que você desconhece


Piu-Piu descansava em uma árvore quando, sonolento, achou que tinha visto o Frajola. Assustado, logo tapou os olhinhos e pensou: “Acho que eu vi um gatinho”. Olhou pelas frestas entre os dedos e viu que o Frajola estava mais perto dele que antes. Rapidamente voltou a tapar os olhinhos e o gato sumiu. Assim, concluiu que se tapece os olhos o gato sumia. Ainda bem que a Vovó estava atenta e correu com uma vassoura atrás do Frajola.

Da mesma forma, podemos nos equivocar em nossa análise frente a alguns acontecimentos do dia a dia. Nem sempre identificamos ou perguntamos o impacto causado por algo que falamos ou fazemos. É nosso ponto cego. Talvez, em uma tentativa de evitar ao máximo tanto nos expor quanto ouvir opiniões alheias acabamos com um “eu” desconhecido: não exercito o diálogo e a troca de percepções com o meio ambiente. Outras vezes, em busca de poder, evitamos expor ideias na tentativa de “ficarmos bem com todos”, querendo, entretanto, saber o que o outro pensa – o que nos leva a um relacionamento de fachada. Alguém, um dia, perceberá que ele é bem diferente do que finge ser e a relação de confiança ficará comprometida.

A comunicação aberta, ou arena, requer dois pontos: primeiro um esforço de exposição de dados, fatos, percepções que contribuam para uma tomada de decisão ou construção de um relacionamento de confiança. Depois, solicitar feedback sobre como o outro nos percebe. O uso intenso destas variáveis leva a uma maior consciência do que é relevante para as relações interpessoais e os resultados das equipes. Este é um referencial chamado Janela de Johari que defende que uma comunicação adequada exige que usemos de forma intensa estes dois elementos.

Podemos aumentar a nossa consciência de que o impacto que provocamos se sobrepõe à nossa boa (ou má) intenção. O visível é o comportamento, e não a intenção. E quando atos e gestos não coincidem com um discurso, a linguagem corporal sobrepuja a fala. O ponto de atenção é deixar a “janela” aberta sem estar escancarada. O exagero, como quase sempre, atrapalha a clareza, passa mais informações do que pode interessar a quem escuta.

Sabendo que a construção de relações de confiança é ponto essencial para uma equipe de alto desempenho, devemos cuidar da qualidade dos nossos diálogos.

Dica: reflita se você precisa se expor mais. Ou se precisa solicitar mais feedback. Será que está falando demais? As histórias infantis nos levam a profundas reflexões sobre a vida nas organizações. Na fábula acima, com qual personagem você se identifica mais? E no seu convívio, eles aparecem?

Melhore seus resultados com uma comunicação aberta.

Livro: Psicologia para administradores, Blanchard e Hersey, E.P.U.

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